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XIV. O RANCHO

Logo adiante, acharam uma casinha.

Em frente, havia um curral, já meio arruinado; do outro lado, uma roça inculta.

A casa era verdadeiramente uma choça miserável, — um rancho de sapé, com paredes de pau a pique, esburacadas. A porta estava aberta, mas o mato crescido que por ali se via, o silêncio que reinava, o ar de abandono que se notava — tudo indicava que não morava viva alma naquela palhoça. Em todo o caso, quando chegaram à porta, os três viajantes gritaram, bateram; como ninguém aparecesse, foram entrando sem cerimônia.

Dentro do rancho, o abandono era o mesmo. Havia dois compartimentos, comunicando por uma porta, rasgada a um lado da parede divisória: ambos estavam desertos.

— Eh! — exclamou Juvêncio — aqui ninguém mora... Mas, já agora, pousaremos aqui mesmo; daqui não saio, nem por ordem do rei!

Alfredo, já mais animado com a perspectiva do descanso que ia gozar, não pôde deixar de rir:

— Qual rei! Não há mais rei no Brasil! Agora quem pode dar ordens é o presidente da República!

— Pois seja lá quem for — disse, rindo também, o rapaz. — Não saio daqui hoje!