Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/78

Wikisource, a biblioteca livre

— E se vier o dono? — objetou Carlos.

— Qual dono! Isto é com certeza o rancho de algum vaqueiro, que anda agora por longe, e só pousa aqui quando traz o gado para estes lados: quando o gado muda de comedia, ele muda também de rancho. Não vêem vosmecês como está tudo isto? Aqui não entra gente há mais de dois meses...

dizendo isso, o rapaz percorria todo o rancho, que estava, de fato, deserto. Em um dos compartimentos, via-se um cepo de madeira, e, a um canto, uma forquilha de três ramos; no outro, havia um couro seco pendente da parede.

— Bem! Arranjaremos a nossa vida! — disse o caboclo.

Pôs sobre a forquilha a trouxa e a cabaça, e, saindo para o mato, cortou três ou quatro ramos de uma erva rasteira, formando uma vassoura, com que limpou o chão do rancho.

— Agora, vamos arranjar um foguinho, para espantar os bichos.

Carlos e Alfredo saíram à procura de lenha, e voltaram logo com uma boa porção de gravetos. Juvêncio tirou do bolso uma caixa de fósforos, riscou um deles com cuidado, e abrigando a chama com a mão espalmada, para livrá-la do vento que entrava pela porta do rancho, acende um molho de palhas secas, e meteu-o por baixo da lenha: dali a pouco a fogueira crepitava.

— Agora, o que nos falta é água, — disse o rapaz. — A da cabaça está quase acabada. Mas aqui perto há água, com certeza. Ninguém se lembraria de construir um rancho em lugar privado de água. Ali em baixo, bem perto, deve