agua em cabaça, dormindo assim sem commodidade, num ermo como este, dentro de um rancho tão pobre? Tudo, no mundo, é para o bem da gente... Vosmecês ficam conhecendo a sua terra... Eu, por mim, gósto muito d'estas cousas, e já não estranho os incommodos das viagens. Era capaz de ir de um polo ao outro como dizia o meu mestre!
— Ui! — gritou Alfredo.
Ouviu-se de repente um ruido rapido e surdo e viu-se um vulto atravessar o espaço, cortando o ar, e sumindo-se pela porta do rancho. Dir-se-ia, pelo tamanho, uma pomba-rôla.
— É um morcego que estava dormindo ahi! — disse Juvencio.
— Um morcego! exclamou Alfredo — Dizem que esse bicho chupa o sangue da gente...
— É muito raro. E as feridas que resultam da sua picada nunca são perigosas: sómente nas crianças recemnascidas é que podem apresentar alguma gravidade. Os morcegos atacam de preferencia os animaes.
— E os animaes não se defendem?
— Não, porque são atacados durante o somno; e, além d'isso, quasi não sentem a dentada, porque o morcego, quando morde, abana as azas e faz com que a língua sobre a pelle, uma cocega ligeira, que disfarça a dor...
— Então o morcego tem dentes, para morder?
— Tem. O morcego voa, mas não é passaro. É um animal como o rato, com o corpo coberto de pêlos; tem focinho e cauda, bocca e dentes.