Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/86

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triste situação foi piorando de dia em dia, — e eu, que já tinha os meus quinze anos de idade, fui obrigado a intervir, para defender a santa mulher que me servira de mãe, e a quem eu estimava tanto como se fosse seu legítimo filho.

“Era um Domingo, e almoçávamos. O miserável passara toda a noite fora de casa, e entrara ao amanhecer, de mau humor, procurando pretextos para uma rixa. Começou a “rezingar”, a criticar a comida, a achar que tudo estava mau. Passou a dirigir as mais pesadas injúrias à mulher; depois de insultá-la muito, arremessou-lhe um prato ao rosto, e avançou para ela, com o punho fechado, para espancá-la.

“ Não me pude conter mais, e levantei-me, revoltado, protestando contra aquela brutalidade. Ele estacou, com uma fera, espantando pela minha ousadia,. Olhou-me demoradamente, com os olhos vermelho e maus, e gritou, com rancor:

— Sai de minha frente!

“E levantou a mão. Senti-me tomado de cólera, e respondi:

— Não saio! Não saio, e não admito que o senhor espanque essa mulher! O senhor é um miserável e um covarde! Só faz isso, porque vê que ela é uma mulher, e que eu sou uma criança!

“Ele atirou-se contra mim. Felizmente, vizinhos, que ouviram a altercação, intervieram. O malvado vociferou ameaças, e saiu.

“Não querendo suportar essa vida, minha madrinha separou-se do miserável, e foi morar em casa de uma irmã, levando-me consigo, Nesse