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Página:Aureliano José Lessa - Poesias posthumas (1873).pdf/104

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SONETO


Faço timbre uma vez de aborrecer-te,
Mil vezes faço timbre de adorar-te,
Tuas faltas de amôr mandam deixar-te,
Minha viva paixão manda querer-te.

Se procuro, cruel; deixar de vêr-te,
A tristeza me cérca em toda a parte;
Se para allívio meu busco fallar-te,
Sinto n’alma pezar de conhecer-te!

Oh! tu, causa cruel de meus tormentos,
Oh! tu, querida ingrata! minha sorte
Ouve; escuta meus ais, e meus lamentos!

Já que viver não posso em tal transporte,
Já que o céo não me muda os soffrimentos,
Ou muda tu de genio, ou dá-me a morte!