A MINHA ROSA
Não é para cantar scenas de amôres
Que erro meus dedos sôbre as frouxas cordas
Da minha harpa infeliz; —nem dos meus labios
Dimanam como outr’ora os versos faceis,
Que a ventura inspirava.
Canto para echoar em sons queixosos
As lembranças crueis que me laceram
A mente angustiada; —eu canto amigos,
Para ouvir uma voz, que me lastime
Com verdadeira mágoa, e que gemendo
Aos ventos narre minha triste historia…
Canto para entornar sôbre minh’harpa
Negras recordações, dôres que augmentam
C’o muito imaginar, e que não posso
Em lágrimas verter dos olhos áridos.