Saltar para o conteúdo

Página:Aureliano José Lessa - Poesias posthumas (1873).pdf/36

Wikisource, a biblioteca livre
 
CONSOLAÇÃO NA MORTE


Sinto que vão quebrando-se em meu peito
As molas da existencia; sinto a vida
Escapar-me das veias; nem respiro,
Como outr’ora, estes ares que alimentam…
Cedo terei baixado ao negro asylo
Onde habita o mysterio envôlto em trévas
Nas solidões de um funebre silencio…
Irei sem murmurar—irei sósinho
Com minhas mágoas repousar a fronte
Sôbre um torrão de terra—desta terra
Que tanto as minhas lágrimas banharam…
Irei pedir a última hospedagem
Lá onde ha leitos para todo o homem
Dormir o último somno; e irei tranquillo,
Porque não amo, viajor exhausto,
Estas poentas vestes laceradas
Nas urzes do caminho; porque embalde
No horror da minha noite hei procurado