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Página:Aureliano José Lessa - Poesias posthumas (1873).pdf/43

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O POETA AGONISANTE


Oui, je mourrai: dejà ma lyre en est en deuil;
Jeune, je m’éteindrai, laissant peu de mémoire,
Sans peur;…


Da minha vida os derradeiros élos
Um por um se desprendem denegridos
Sôbre a urna do tempo; está minh’alma
Como um rochedo colossal pesando
Dentro em minha cabeça oppressa e curva,
E o batel de meus dias, arrojado
Aos tufões da desgraça, irá sedento
Beijar as praias da celeste patria…
Oh! já o sôpro gélido da morte
Minh’alma impelle a regiões ignotas,
Emquanto o coração bate mais lento
E pelos membros o torpôr passeia…