AMARGURA
Oh! não me pergunteis por que motivo
Pende-me a fronte ao péso da amargura,
Quando um suspiro trêmulo, afflictivo,
Sôbre os meus labios pallidos murmara.
Quando ao fundo do lago a pedra desce,
Globo de espuma á flôr do lago estala:
Assim é o suspiro: elle apparece,
Por que no coração cai dôr que o rala.
Do lago a face lisa espêlha flôres,
No fundo a vista não divisa o ceno;
Assim dentro do peito escondo as dôres
Mandando aos labios um sorriso ameno.
Mas quando uma afflicção acerba e crua
Mais que um rochedo o coração me opprime,
Quando nas chammas do soffrêr estúa
Como no incendio o resequido vime;