Página:Aventuras de Diofanes.djvu/228

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padrões para o escarmento! Ah cegos ministros da maldade, que lhes não lembra que serão severamente julgado pelos que puniram, sem mais culpa, que as que lhes imputaram a inveja, avareza, e ódios! Como não advertem, que o rigoroso Averno os ameaça com um eternidade de penas em cada erro, que autorizam com justiça? Como roubam a honra das gentes, se é fruto, que não tem restituição? Como castigam falsos homicídios por paixões particulares, se as vidas, e desamparos nunca podem ressarcir? Como chegam a mandar ao suplício por estranhos interesses a um pai inocente, se a falta, que experimentam os órfãos, nunca tem restituição? Como vendem a justiça dos que não têm meios para os subornos, se a verdadeira Justiça os vê para os castigos? Ah cegos mais desgraçados, que eu, e todos os que sofrem as suas injustas crueldades, satisfazendo-as, como famintas feras, no sangue inocente de seus próximos, a quem tiram os créditos, vidas, e bens, tendo a maior ventura os que os sofrem com ânimo constante! Ah desgraçados, que não advertem quanto é estreita a vida para o logro de tão grandes roubos, e se contentam de que continuem os seus maus nomes nos filhos, que ficam abundantes, e introduzidos, como se não houvessem juizes superiores,