Página:Aventuras de Diofanes.djvu/285

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Do próprio amor bem ordenado nasce aquele afeto, que propaga tanto, que passa à prole, à pátria, à amizade, e aos conjuntos, o qual em seus motos se alarga; como quando na água se lança a pedra; formando um círculo, outros muitos se lhe seguem; que ainda que o primeiro seja o maior, sempre é tão igualmente nobre, que adorna o espírito; e quanto mais se alarga, tanto é no racional mais próprio. O ódio, a ria, a inveja, e outros afetos são os que nos fazem perversos, e de que nascem as desordens, que nos escondem o mais seguro porto, profanado o tribunal de Astréia, a escola de Minerva, e a palestra de Marte, mas assim como estes afetos com a soltura nos condenam, seguindo-se o rumo da razão, tudo é tranqüilidade, e mais esplendores da virtude, não sendo assim impossível que o homem viva contente da sua sorte, porque aos excessos opostos sabe conservar em paz, e ensinando a tolerar desigualdades, dilata os ânimos, ordena o amor, mostra o semblante da mentira; a maligna inveja, que com a compaixão quer esconder-se, a covardia, a que chamam prudência, a vingança tida por zelo de honra, e o ardil temerário, que como valor se aplaude, pois não há forças para separar os vícios da virtude, se não levam as luzes da