Página:Aventuras de Diofanes.djvu/304

Wikisource, a biblioteca livre

unidos à raiva, e dor que lhes comunicava a perdida esperança.

Também via castigados os que antepuseram as delícias de uma vida afeminada ao trabalho, e desvelo, porque se compram as diginidades, e com este motivo se improperavam uns aos outros, trazendo-se à memória os regalos, deleites, e descansos, em que se tinham persuadido, que eternamente seriam respeitados; e lançando-se as maiores maldições, eram severamente castigados, não pelo mal, que fizeram, sim pelo bem, que deixaram de fazer, imputando-lhes todas as culpas da ociosidade, negligência, e esquecimento da lei. Muito me admiro o ver entre penas os que haviam acabado com boa opinião, uns por se terem deixado dominar de malévolos, e outros males, que se haviam feito com o escudo da sua autoridade. Grande era a compaixão, com que os via, lembrando-me quanto lhes é difícil conhecerem a verdade, e a si mesmos, sendo sujeitos a tão pesados encargos em uma vida tão curta, em que também o foram as invejas, sustos, oposições, e misérias. A vista daqueles espelhos do meu perigo, dizia: Oh quanto é bem aventurada a vida sincera dos que estando perto do trono, não se apressam para subir a ele!

Assim ia buscando uma luz, que de