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Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/14

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Beijou a cruz da espada
Proseguio uma oração!
Oh! Virgem da Conceição!
Maria pia e sagrada,
Mãe de Deus immaculada,
Esposa casta e fiel!
Pelo vinagre com fel
Que Christo bebeu na Cruz,
Rogae por mim a Jesus,
Nessa batalha cruel.

Partiu ao seu contendor
Com tanta disposição
Que só se tivesse são
Teria tanto valor.
Deu-lhe um golpe matador
Porem pegou mal pegado,
Feriu o turco de um lado
Ferrabraz se desviou
Tirando o balsamo o tomou
Ficou de tudo curado.

Oliveiros entristeceu
Quando viu Ferrabraz são,
E disse no coração
Quem perde a lucta sou eu…
Porem não esmoreceu
Nem deu mostração de falha
Como o homem que trabalha
Disse sem poder conter-se,
Falta pouco para ver-se
O fim de nossa batalha.

Disse o turco—cavalleiro.
Tu já estás muito ferido.
Queira acceitar meu partido
Renda-se prisioneiro,
Assim lhe farei herdeiro
Do reino de Alexandria,
E tem mais a garantia
De hoje para amanhã,
Casarás com minha irmã,
A flor de toda Turquia.

Disse Oliveiros: —Senhor
Eu não prefiro riqueza,
Quero morrer na pobreza
Mas bem com meu salvador…
Porque foi meu creador
E por minh’alma trabalha,
Um estante não se empalha
Para valer os fieis,
Turco, cuida em teus papeis,
Vamos dar fim a batalha.