Disse Oliveiros: então
Tua espada não quebrasse
E’ porque não encontrasse
Com a espada de Roldão.
Elle com ella na mão
Nunca encontrou ferro duro,
Nem arnez de aço puro
Que seus golpes resistisse,
Nem metal que não rangisse.
Nem cavalleiro seguro.
E cobriu-se com uma parte
Do escudo que ficou
Com todo orgulho gritou,
Vamos dar fim ao combate.
A nós não ha quem aparte
Disto já estou convencido,
Haja o que Deus fôr servido.
Onde ha campos e espadas,
As razões são escusadas,
Conversa é tempo perdido.
E partiu determinado
A Ferrabraz degollar,
Mas não poude aproveitar
O golpe descarregado.
O turco pullou de um lado,
Um golpe nelle mediu.
Quando Oliveiros sentiu
O braço lhe estremeceu,
Do golpe que recebeu
A sua espada cahiu.
Assim mesmo inda pegou-a,
Mas tinha o braço dormente.
O turco rapidamente
Partiu a ella, apanhou-a,
Pegou nella, examinou-a,
Ficou muito admirado
E disse enthusiasmado.
—Oliveiros estás vencido,
Isso ahi está decidido,
Porque estás desarmado.
Porem pega tua espada
Não quero vencer-te assim,
Mesmo quero ver o fim
Dessa batalha encantada,
Pois que está tão dilatada
Que já estou mal satisfeito.
Respondeu-lhe só—acceito
Por minhas armas tomadas,
Mas eu acceital-a dada!
Faz-me perder o conceito.
Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/18
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