Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/5

Wikisource, a biblioteca livre

Carlos Magno observou
Que nem um se offereceu,
Logo ahi entristeceu
Chamou Roldão e o mandou.
Disse Roldão—eu não vou
Nem eu, nem meus companheiros
Nos combatas derradeiros
Nós exgottamos os valores,
Quem foram merecedores
Foram os velhos cavalleiros.

Nessa ultima batalha
Sanguinolenta e tyrana,
Minha espada durindana
Não mostrou uma só falha,
Daquella bruta canalha
Arrebatei a victoria,
Me ficará de memoria
Aquelles grandes perigos
Os cavalleiros antigos
Foi a quem désses a gloria.

Carlos Magno quando ouviu
A resposta de Roldão
Se encheu de tanta paixão
Que um ferro lhe sacudiu.
Roldão quando olhou que viu
O sangue delle descer,
Não poude mais se conter,
Se armou com tal furor
Que não foi ao imperador
Por Ricardo se interver.

Carlos Magno ordenou
Que os pares o pegasse,
Depois de preso o matasse.
Roldão de novo se armou
Pela espada puxou
E disse em alta linguagem
Com destemida coragem,
Fallou a todos assim:
—Qualquer que tocar em mim
Diga que está de viagenn.

Tudo alli ficou callado
Não fallou um cavalheiro
Roldão era o companheiro
Dentre todos mais amado,
De mais era respeitado
Pela nobreza e acção,
Tinha um leal coração
Para com seus companheiros
E mesmo dos cavalheiros
Era elle o capitão.