Página:Batalha de Oliveiros com Ferrabraz.pdf/6

Wikisource, a biblioteca livre

Carlos Magno ficou
Certo de que ninguem ia
Disse que mesmo queria
Ver quem o desafiou;
Quando a noticia chegou
Aos ouvidos de Oliveiros
Que soube que os cavalleiros
Não tinham lhe obedecido,
Ficou bastante sentido
Desta acção dos companheiros.

Ordenou ao escudeiro
O cavallo lhe sellar
E mandou logo apromptar
Arreios de cavalleiros...
E gritou—ande ligeiro,
Me ajude logo a armar,
Pode o turco se gabar,
Matei um dos cavalleiros,
Porem não diz Oliveiros
Temeu commigo luctar.

Assim que Guarim sentiu
Seu senhor fallar em guerra,
Pôz os joelhos em terra
Até por Deus lhe pediu,
Porque imaginou e viu
Que elle não estava capaz,
Porque já era demais
O sangue que sahia,
Por isso por Deus pedia
Que não fosse a Ferrabraz.

Guarim, podes descançar,
—Oliveiros respondeu.
Um soldado como eu
Não deixa seu rei chorar,
O turco ha de acreditar
Que mil féras não me comem
Minhas façanhas se somem
Mas emquanto eu não morrer
Ferrabraz ha de dizer
Em França encontrei um homem.

Quando do leito se ergueu
Pôz uma perna estendida,
Logo ahi de uma ferida
Porção de sangue desceu,
O escudeiro tremeu
Assim que o sangue espanou
E elle não se importou
Como que tivesse são,
Fincou a lança no chão
E de um só pullo montou.