Página:Brasileiras celebres (1862).djvu/151

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viajantes instruídos correram a visitar também, levados da curiosidade humana, capelas da serra da Piedade, e Augusto de Saint-Hilaire, sábio naturalista francês, dando conta da sua peregrinação àquele sagrado asilo, fala-nos assim da irmã Germana:

“Vi na serra da Piedade uma moça muito falada nas comarcas de Sabará e Vila Rica. Chamava-se irmã Germana, e desde o ano de 1808, que padecia de afecções histéricas, acompanhadas de convulsões violentas, exorcismaram-na e empregaram remédios inteiramente contrários ao seu estado, o que a fez piorar ainda mais. Quando ali cheguei havia já muito tempo, que ela não se levantava mais da cama, e a dose de alimentos, que tomava diariamente, apenas excedia a que se dá aos recém-nascidos. Não comia carne, rejeitava igualmente todos os alimentos gordurosos, e não podia sequer levar um caldo. Doces, queijo, um pedaço de pão, um pouco de farinha, formavam o seu nutrimento, não poucas vezes rejeitava o que acabava de pedir, e quase sempre era necessário obrigá-la a comer alguma cousa.

“Quando pela primeira vez cheguei à serra, fui recebido pelo diretor da enferma; tinham-me assaz falado do desinteresse e da caridade deste eclesiástico. Pratiquei por bastante tempo com ele e não me pareceu destituído de instrução. Falou-me da sua penitente sem entusiasmo algum. Desejava, me disse ele, que os homens instruídos estudassem o estado de Germana, pois que o doutor Gomide, pois que o