civil tão renhida com sangüenta. Era o prólogo do grande drama da independência que se representava então na capitania de Minas Gerais, e ainda hoje Capão da Traição guarda em seu nome a lembrança dos horrores e atrocidades de que foram vítimas os paulistas, vencidos pela mais negra das perfídias. Reduzidos a um pequeno exército e perdida a esperança dos socorros que aguardavam do governador D. Fernando Martins Mascarenhas, retiraram para S. Paulo; mas seus compatriotas os receberam friamente. Correram aos braços de suas próprias mulheres, mas as paulistanas lhes lançaram em rosto o haverem se ausentado das Minas como fugitivos, sem que procurassem pelo seu valor e coragem o desforço dos agravos, a vingança da derrota, a punição da traição, e estimulando-lhe os brios, conseguiram fazê-los retroceder. “Este fogo”, diz o historiador Rocha Pitta, “soprado por aquele sexo em que se acha mais pronto o furor vingativo, e em que mais ardem os corações dos homens, crescendo nos paulistas com a consideração do crédito, que deixaram ultrajado, e da fama, que tinham perdido (chama interior, que os não abrasava menos pelos seus naturais brios), os fez juntar um numeroso exército de paisanos, para tornarem de novo à palestra com os seus contedores, e elegendo por seu general a Amador Bueno, pessoa entre eles de maior reputação no valor e na prática das armas, marcharam para as Minas.”
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