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E ondulam névoas, setinosas rêndas
De virginaes, de prónubas alvuras...
Vagam balladas e visões e lêndas
No flórido noivado das Alturas...

E fria, fluente, frouxa claridade
Fluctúa como as brumas de um lethargo...
E érra no espaço, em toda a immensidade,
Um sonho doente, cilicioso, amargo...

Da vastidão dos páramos serenos,
Das sideraes abobadas ceruleas
Cae a luz em antiphonas, em thrênos,
Em mysticismos, orações e dúlias...

E entre os marfins e as pratas diluidas
Dos languidos clarões tristes e enfêrmos,
Com grinaldas de rôxas margaridas
Vagam as Virgens de scysmares êrmos...

Cabellos torrenciaes e dolorosos
Bóiam nas ondas dos ethéreos gêlos.
E os corpos passam niveos, luminosos,
Nas ondas do luar e dos cabellos...