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CANTO PRIMEIRO.
9.

Cos panos, & cos braços açenauão,
Aas gentes Luſitanas, que eſperaſſem:
Mas ja as proas ligeiras, ſe inclinauão,
Pera que junto aas Ilhas amainaſſem.
A gente, & marinheiros trabalhauão,
Como ſe aqui os trabalhos ſacabaſſem:
Tomão vellas, amainaſe a verga alta,
Da ancora o mar ferido, encima ſalta.

Não erão ancorados, quando a gente
Eſtranha, polas cordas ja ſubia,
No geſto ledos vem, & humanamente,
O Capitão ſublime os recebia.
As meſas manda por em continente,
Do licor que Lieo prantado auia:
Enchem vaſos de vidro, & do que deitão,
Os de Phaeton queimados nada engeitão.

Comendo alegremente perguntauão,
Pela Arabica lingoa, donde vinhão,
Quem erão, de que terra, que buſcauão,
Ou que partes do mar corrido tinhão?
Os fortes Luſitanos lhe tornauão,
As diſcretas repostas que conuinhão.
Os Portugueſes ſomos do Occidente,
Himos buſcando as terras do Oriente.

B
Do