Página:Camões Os Lusíadas Page337 167v.jpg

Wikisource, a biblioteca livre


Ali do ſal os montes não defendem
De corrupção os corpos no combate,
Que mortos pella praya, & mar ſe eſtendem
De Gerum, de Mozcate, & Calayate:
Ate que a força ſo de braço aprendem
A abaxar a ceruiz, onde ſe lhe ate
Obrigação de dar o reyno inico
Das perlas de Barem tributo rico.

Que glorioſas palmas tecer vejo,
Com que victoria a fronte lhe coroa,
Quando ſem ſombra vaã de medo, ou pejo
Toma a ilha illuſtriſsima de Goa:
Deſpois, obedecendo ao duro enſejo
A deixa, & ocaſião eſpera boa,
Com que a torne a tomar, que esforço & arte
Vencerão a fortuna, & o proprio Marte.

Eis ja ſobrella torna & vây rompendo
Por muros, fogo, lanças, & pilouros,
Abrindo cõ a eſpada o eſpeſſo, & horrendo
Eſquadrão de Gentios, & de Mouros:
Irão ſoldados inclitos fazendo
Mais que Liões famelicos, & Touros,
Na luz que ſempre celebrada & dina
Sera da Egipcia ſancta Caterina.