Página:Camões Os Lusíadas Page364 181r.jpg

Wikisource, a biblioteca livre


Olha o reyno Arracão, olha o aſſento
De Pegu, que ja mõſtros pouoarão,
Mõſtros filhos do feo ajuntamento
Dhũa molher & hum cão, que ſos ſe acharão:
Aqui ſoante Arame no inſtromento
Da geração cuſtumão, o que vſarão
Por manha da Raynha, que inuentando
Tal vſo, deitou fora o error nefando.

Olha Tauay cidade, onde começa
De Sião largo o imperio tão comprido,
Tenaſſarâ, Quedâ, que he ſo cabeça
Das que Pimenta ali tem produzido:
Mais auante fareis que ſe conheça
Malaca, por Emperio ennobrecido,
Onde toda a prouincia do mar grande,
Suas mercadorias ricas mande.

Dizem que deſta terra coas poſſantes
Ondas o mar entrando diuidio,
A nobre Ilha Samatra, que ja dantes
Iuntas ambas a gente antiga vio:
Cherſoneſo foy dita, & das prestantes
Veas douro, que a terra produzio,
Aurea por epitheto lhe ajuntarão,
Alguns que foſſe Ophir ymaginarão.