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II


Os olhos que me deram na existencia,
Com seu gentil fulgor de virgindade,
Umas vezes amor, outras saudade,
Renascendo-me a paz na consciencia;

Olhos cheios de vida e de innocencia,
Revivos de perfume e suavidade,
Olhos de tão formosa claridade
Que escurecem do ceu a transparencia;

Talvez sejam ainda os companheiros
Da melodia heroica de meu canto,
Meus amigos sinceros, verdadeiros.

Talvez!... Mas se podér a sorte tanto
Que os affaste de mim, que os derradeiros
Suspiros meus orvalhem com seu pranto.