Página:Caramuru 1781.djvu/128

Wikisource, a biblioteca livre
XXXIII

Prostrado o vil aos pés desse estrangeiro,
Rende as armas com fuga vergonhosa,
E corre voz que o adora lisonjeiro,
E até lhe cede com o cetro a esposa.
E que pode nascer do erro grosseiro,
Senão que em companhia numerosa
As nossas gentes o estrangeiro aterre,
E que a uns nos devore, outros desterre?

XXXIV

Se o sacro ardor, que ferve no meu peito,
Não me deixa enganar, vereis que um dia
(Vivendo esse impostor) por seu respeito
Se encherá de Imboabas a Bahia.
Pagarão os Tupis o insano feito;
E vereis entre a bélica porfia,
Tomar-lhe esses estranhos, já vizinhos,
Escravas as mulheres cos filhinhos.

XXXV

Vereis as nossas gentes desterradas,
Entre os tigres viver no sertão fundo,
Cativa a plebe, as tabas arrombadas;
Levando, para além do mar profundo,
Nossos filhos e filhas desgraçadas,
Ou, quando as deixam cá, no nosso mundo,
Poderemos sofrer, Paiaiás bravos,
Ver filhos, mães e pais feitos escravos?