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XLII

Cerimônia esta foi do pátio uso,
Vestígio nacional da antiga idade,
Que acaso corrompeu mágico abuso,
Tendo talvez princípio na piedade.
Retumba do marraque o som confuso,
E, pondo em alto o seu, com gravidade,
A insígnia, no chão tudo se inclina,
Como a sinal de coisa mais divina.

XLIII

Corresponde o belígero instrumento
Da feral frauta ao bárbaro marraque;
E, promulgando a marcha aquele acento,
Tudo em ordem se pôs ao fero ataque.
Marcham contra Gupeva, com intento
De meter nas cabanas tudo a saque;
E porque tudo assombrem com terrores,
Rompem o ar com bélicos clamores.

XLIV

Entanto no arraial do bom Gupeva
Sendo a invasão noturna rechaçada
Convocam recrutas, fazem leva
De tropa nacional e da aliada,
Enquanto Diogo, a quem a ação releva,
Toma na gruta a pólvora guardada,
E em vários fogos, que arrojou volantes
Imita o raio em bombas fulminantes.