Página:Caramuru 1781.djvu/158

Wikisource, a biblioteca livre


XXXIII

Já na grã-taba os bárbaros se ajuntam,
Onde contra Diogo arte se estude,
E por magos famosos, que perguntam,
Recorriam de encantos à virtude:
Os nigromantes vêem que os corpos untam,
E nos sussurros do seu canto rude
Esperam que também ao forte Diogo,
Matando privem do temido fogo.

XXXIV

Um deles, que por sábio se acredita,
Não há (disse) quem possa a ardente frágoa
Apagar no trovão, que o raio excita,
Lastimosa ocasião da nossa mágoa:
Que se antídoto ao fogo se medita
Mais natural não há que lançar-lhe água:
Dentro n'água se apaga o fogo ardente:
E este é o meio, que ocorre de presente.

XXXV

Contra as vossas canoas não se atreve
O filho do trovão, se desce ao porto;
Vos o vereis sem força em tempo breve
Sair qual já saiu das águas morto:
Ninguém há que não saiba como esteve,
Quando o encontramos naufrago no porto:
Nem usou do trovão, que espanta em terra,
Nem fez com fogo n'água a horrível guerra.