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XLII

Vinte bombas de pólvora tem cheias,
De que uma parte já das naus salvara;
Quatro férreos canhões, que entre as areias
Por nadadores bons do mar tirara;
Metralhas, palanquetas e cadeias,
Pistolas e fuzis, que preparara;
Canoas três de pólvora e resina,
Que lançar nas contrárias determina.

XLIII

Forma-se em meia lua a vasta armada,
Cuidando de encerrar Diogo em meio,
E com nuvem de frechas condensada
A áurea luz do sol a impedir veio.
Firme estava do herói a turba irada,
E, coalhando-se o mar de lenhos cheio,
Retumba o eco na Bahia toda
Pela gente brutal que urlava em roda.

XLIV

Até que a tiro os vê do bronze horrendo
E, sem mais esperar, dispara fogo,
Que tudo com metralha ia varrendo,
E a pique dez canoas meteu logo.
Saltam muitos de horror no mar, tremendo;
Alguns, deixando o remo, as mãos de Diogo
Com bombas ardem, que feroz lhe lança,
Outros a espada de vizinho alcança.