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LXXII

"Não foi acaso (disse o herói prudente,
Respondendo ao discurso), foi destino
Querer o grão-Tupá que a vossa gente
A mão conheça do poder divino.
Do céu, que sobre vós brilha luzente,
Se receberdes o sagrado ensino,
Livres com glória do tirano averno
Sobre ele reinareis num sólio eterno.

LXXIII

Porém, por serdes na ignorância rude,
Incapazes de ouvir o mais entanto,
Buscai com razão maior virtude,
Implorando o favor do trono santo.
E, quando a vossa fé pedi-lo estude,
Vereis da antiga serpe no quebranto
Florescer nesta pátria de improviso
Uma imagem do ameno paraíso."

LXXIV

Disse o herói generoso; a turba imensa,
Em sinal de prazer com grata dança,
Vão em fileiras com a mão extensa,
Fazendo com os pés vária mudança:
Uma perna bailando tem suspensa,
E turma sobre turma em modo avança,
Que idéia dão dos bélicos ataques,
Retumbando entretanto os seus marraques.