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XXXIII

"Felizes vós, diz Diogo, afortunados,
A quem da cara pátria é concedido
Tornar hoje aos abraços desejados,
Depois de tanto tempo a ter perdido,
Enquanto eu nestes climas apartados
Me vejo de seguir-vos impedido;
Que fiar temo de tão débil lenho
Outra vida que em mais que a própria tenho."

XXXIV

Dizendo assim, com calma vê lutando
Formosa nau de gálica bandeira,
Que a terra ao parecer vinha buscando,
E a proa mete sobre a própria esteira.
Vem seguindo a canoa, e sinais dando,
Até que aborda a embarcação veleira,
E, de paz dando a mostra conhecida,
Às praias da Bahia a nau convida.

XXXV

A Gupeva entretanto e Taparica
Dava o último abraço, e à forte esposa
A intenção de levá-la significa,
A ver de Europa a região famosa.
Suspensa entre alvoroço e pena fica
Paraguassu contente, mas saudosa:
E, quanto o pranto na sentida fuga
Começava a saudade, amor lho enxuga.