Página:Caramuru 1781.djvu/188

Wikisource, a biblioteca livre
XLV

Du-Plessis, que os franceses governava,
Em uma noite clara à popa estando,
Os casos de Diogo, que escutava,
Admira no naufrágio memorando.
Depois do herói prudente perguntava
Quem achará o Brasil, o como e quando
Ganhara no recôndito hemisfério
Tanto tesouro o lusitano império?

XLVI

"Dois monarcas (responde o lusitano)
Já sabes que no ocaso e no oriente
Novos mundos buscaram pelo oceano,
Depois de haver domado a Líbia ardente;
E que onde não chegou grego, ou romano,
Passeia o forte Hispano e a lusa gente,
Que, instruídos na náutica com arte,
Descobriram do mundo outra grã parte.

XLVII

Do Tejo ao China o Português impera,
De um pólo ao outro o castelhano voa,
E os dois extremos da redonda esfera
Dependem de Sevilha e de Lisboa.
Mas, depois que Colon sinais trouxera
(Colon, de quem no mundo a fama voa)
Deste novo admirável continente,
Discorda com Castela o luso ardente.