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LI

Era o tempo em que alegre ressuscita
A verde planta, que murchou no inverno,
E quando a solar meta o tempo excita,
Em que o rei triunfou da morte eterno.
Tão sagrada memória a frota incita
A celebrar ao vencedor do inferno
O sacrifício, dando a fé venera,
A paixão, que em tal tempo sucedera.

LII

Em frondosa ramada o lusitano
Um altar fabricou no prado extenso,
Donde assista ao mistério soberano
Da lusitana esquadra o povo imenso.
Ao rei triunfante do infernal tirano
Odorífero fuma o sacro incenso,
E a vítima do céu, que a paz indica
A gente e nova terra santifica.

LIII

Notar o americano ali contende
Do sacrossanto altar o ato sublime;
E, tanto a simples gente o aceno entende,
Que parece que a ação por santa estime.
Algum, que olhava ao celebrante, emprende
O gesto arremedar, que orando exprime,
E as mãos une e levanta, e talvez solta,
E quando o vê voltar também se volta.