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VI

E já avistavam do palácio augusto
Em bela perspectiva o régio espaço,
E o átrio vendo de troféus onusto,
Entram do franco rei no excelso paço.
Cinge as portas exército robusto,
Brilhante guarda, de que o invicto braço
Ao lado sempre da real pessoa,
Sustenta as lises e defende a cr’oa.

VII

Era ali cristianíssimo reinante
Entre os franceses o segundo Henrique,
Meta então do germano fulminante,
Que opôs de Carlos às vitórias dique:
Ortodoxo monarca, da fé amante,
Que faz que em toda a França imóvel fique
O antigo culto e religião paterna,
Que invadiu de Calvino a fúria averna.

VIII

Senta se ao régio lado a grã-princesa,
Formosa Lis, que do Arno florentino
Trouxe à França um tesouro de beleza,
E outro maior no engenho peregrino:
Formoso par, que a sábia natureza
Não sem instinto conjugou divino;
Por que, roubando Henrique a dura morte,
Sustente França Catarina a forte.