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XII

E tu, que ao luso reino um germe augusto
No grão-Burgundo a propagar mandaste,
Contempla, ó França heróica, o império justo
Como ramo do teu, que ali plantaste;
E, se o inculto Brasil, se o Cafre adusto
Por teus famosos netos subjugaste,
Admite ao trono do Solar primeiro
Este teu não indigno aventureiro.

XIII

E esta, que ao lado meu teu cetro beija,
Princesa do Brasil, que um tempo fora,
No seio da cristã piedosa Igreja,
Como mãe pia regenera agora.
É bem que a mãe primeira o Brasil veja,
Donde a gente nasceu, que lhe é senhora;
E, quando Lusitânia lhe é rainha,
Tome o Brasil a França por madrinha."

XIV

Disse o herói generoso, e o rei potente,
Recordando os anais de antiga história,
Com vista majestosa, mas clemente,
Deu sinal de agradar-lhe esta memória.
Com sussurro entretanto a áulica gente
Celebra, como própria, a lusa glória;
E, impondo-lhe silêncio alto respeito,
Respondem com os olhos e co peito.