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XXX

Ervilha, feijão, favas, milho e trigo,
Tudo a terra produz, se se transplanta;
Fruta também, o pomo, a pera, o figo
Com bífera colheita e em cópia tanta,
Que mais que no país que o dera antigo
No Brasil frutifica qualquer planta;
Assim nos deu a Pérsia e Líbia ardente
Os que a nós transplantamos de outra gente.

XXXI

Nas comestíveis ervas, é louvada
O quiabo, o jiló, os maxixeres,
A maniçoba peitoral presada,
A taioba agradável nos comeres,
O palmito de folha delicada,
E outras mil ervas, que, se usar quiseres,
Acharás na opulenta natureza
Sempre com mimo preparada a mesa.

XXXII

Sensível chama-se erva pudibunda,
Que, quando a mão chegando, alguém lhe ponha,
Parece que do tato se confunda
E que fuja o que o toca por vergonha.
Nem torna a si da confusão profunda,
Quando ausente o agressor se lhe não ponha,
Documento à alma casta, que lhe indica
Que quem cauta não foi nunca é pudica.