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VI

Este meio, portanto, eu te sugiro,
Que se a tua prudência hoje executa,
Verás em pouco tempo, como aspiro,
Francesa pelo trato a gente bruta.
Vive sempre brutal no seu retiro
Quem ninguém comunica e nada escuta,
Nem o selvagem tirarás da toca,
Se outro país não trata e o seu não troca.

VII

E entanto que o terreno nosso habita,
Transmigrada a infeliz gentilidade,
A gente, que perdemos infinita,
Suprirá com comua utilidade.
Assim a agricultura mais se excita,
Cresce a plebe no campo e na cidade,
E a turba inerte, que corrompe a terra,
Ou se deixa emendada, ou se desterra."

VIII

Disse o francês prudente, e o nobre Diogo,
Leal à amada pátria, respondendo,
"Sábio projeto dás (replicou logo)
Sobre a população; nada o contendo.
Mas não posso convir no exposto rogo,
Sendo fiel ao rei, português sendo,
Quando o luso monarca julgo certo
Senhor de quanto deixa descoberto.