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IX

Vivendo ex lege um povo na anarquia,
Tem direito o vizinho a sujeitá-lo,
Que a natureza mesma inspiraria
Ao que fosse mais próximo a amansá-lo.
Deixo que o céu parece que o queria,
Dando a Cabral o instinto de buscá-lo,
E o ser em caso tal comum conceito,
Que quem primeiro o ocupa tem direito.

X

E, sem que ofenda a França a minha escusa,
É bem que esta conquista a Lísia faça;
Mas, enquanto a Bahia o não recusa,
Ser-vos-á no comércio a melhor praça.
Cópia de drogas achareis profusa,
E o lenho precioso ali de graça;
E, durando eu na pátria obediença,
Serei francês na obrigação e agência."

XI

Admirou Du Plessis no peito nobre
O generoso ardor e o pátrio zelo,
Que a ilustre condição no obrar descobre
Novo motivo para mais querê-lo;
Sem mais receio que o contrário ele obre,
Na nova expedição quer sócio tê-lo.
Mas, antes de embarcar-se, o herói prudente
Avisa o luso rei da empresa ingente.