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XLII

Destes o luso campo acometido
De dardos, frechas, balas se embaraça,
Em sombra o seio todo escurecido,
As naus ocultam nuvens de fumaça;
E ao eco dos canhões entre o ruído,
Tudo está cego e surdo em campo e praça;
E no horrível relâmpago das peças
Caem por terra os bustos sem cabeças.

XLIII

Voam as naus de chamas ocupadas,
Enchendo a enseada do infernal estrondo,
As canoas dos nossos abordadas,
E os galeões, que em linha se vão pondo.
Os golpes, que retinem das espadas,
O golfo, que arde em chamas em redondo,
Eram na terra e mar em sangue tinto
Um abismo, um inferno, um labirinto.

XLIV

Depois que largo tempo em márcio jogo
Dura a batalha com comum perigo,
Cessando o impulso do contrário fogo,
Todo o estrago aparece do inimigo:
Tinha cedido da contenda logo
Receoso o tamoio do castigo;
E os franceses, que as naus mal sustentavam,
Entre as penhas o asilo procuravam.