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LXIII

Saltam da noite no silencio escuro
As belicosas mangas guarnecidas
De imensas chusmas do tamoio duro
Que obrar deviam na campanha unidas;
E, enquanto tem o campo por seguro,
Jaziam pelas praias estendidas,
Para investir coa luz, que já arraiava,
A aldeia Ararig, que os esperava.

LXIV

Mas o bravo tapuia belicoso,
Antevendo o descuido do inimigo,
Busca o manto da noite insidioso,
Para investi-lo no noturno abrigo.
Convoca os seus guerreiros animoso,
E, sem dizer-lhes mais do seu perigo,
Depois que um breve espaço os olhou mudo,
Disse cheio de ardor, batendo o escudo:

LXV

"Sus valorosa, intrépida caterva!
Que esperamos no nosso alojamento?
Acaso até que o campo em chusma ferva
E nos busque o francês no próprio assento?
Se por espia, que o seu campo observa,
Que dorme sobre as praias desatento,
Onde, se o surpreendermos de improviso,
Sentirão todo o dano antes do aviso.