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LXXII

Não cessava Martim contra a espantada
Multidão de tamoios, que se embrenha;
E, deixando-lhe a aldeia derribada,
Não sê-lhe esconde algum no mato ou brenha.
Muitos no averno lança com a espada,
Fugindo outros ao mar n’água despenha,
Nem fulminando a massa a algum perdoa,
Oculto na cabana ou na canoa.

LXXIII

Fez este marte do Brasil constante
A nação dos tamoios tanta guerra,
Que ele só com a espada fulminante
Lhe extingue o nome e despovoa a terra.
Mais não ousa o rebelde mariante,
Enquanto Ararigbóia no campo erra,
Desembarcar na costa, sem que o bravo
O deixe combatendo, ou morto, ou escravo.

LXXIV

Vi que do excelso trono vinha entanto
Uma augusta donzela adormecida,
De quem brilhava sobre o aspecto santo
A piedade, a abundância, a ciência, a vida.
Do seio derramava do áureo manto
A opulência no mundo apetecida,
E, logo que foi vista sobre a terra,
Submergiu-se no averno a fausta guerra.