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LXXV

Era a divina paz, que o céu nos manda,
Prêmio de um cetro, que da fé zelante
Propaga o santo culto onde comanda,
E as leis defende da justiça amante.
Sem os estragos de uma guerra infanda.
Gozará o Brasil de paz constante
Por setenta anos de mm governo justo.
Tendo tranqüila a terra e o mar sem susto.

LXXVI

Nem mais a espada e bomba pavorosa
Se ouvirá na marinha e sertão vasto;
A voz só do Evangelho poderosa,
Simples, sem artifício, indústria ou fasto,
A semífera gente viciosa
No jugo conterá de um temor casto;
E às mãos dos seus apóstolos se avista
Com as armas da cruz feita a conquista.

LXXVII

Mas vi em tanto lusitano império
Na Líbia ardente em sangue submergido,
E o seu domínio no indico hemisfério
Do batavo nas águas invadido.
E, ou por descuido do governo espério,
Ou de mil contratempos combatido,
Cedeu no vasto mar por toda a banda
O império do Brasil à fria Holanda.