Página:Caramuru 1781.djvu/289

Wikisource, a biblioteca livre
VI

Das faces belas, se na terra houvera
Imagem competente que pintara,
As flores mais gentis da primavera
Pelo encarnado e branco eu comparara;
Mas flor não nasce na terrena esfera,
Não há estrela no céu tão bela e clara,
Que não seja, se a opor-se-lhe se arrisca,
Menos que à luz do sol breve faísca.

VII

Da boca formosíssima pendente
Pasma em silêncio todo o céu profundo:
Boca que um Fiat pronunciou, potente,
Com mais efeito que se criasse um mundo.
Odorífero cheiro em todo o ambiente
Do lábio se espalhava rubicundo:
Fragrância celestial, que amante e pia,
No filho com mil ósculos bebia.

VIII

Todos suspende em pasmo respeitoso
O amável formosíssimo semblante,
E mais nele se ostenta poderoso,
O soberano autor do céu brilhante:
Pois quanto tem o Empiro de formoso,
Quanto a angélica luz de rutilante,
Quanto dos serafins o ardente incêndio,
De tudo aquele rosto era um compêndio.