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LXIII

Pudera com as forças, que aqui manda,
Com pouca utilidade, ou mais que fora,
Domar o roxo mar por toda banda,
E o reino todo possuir da aurora.
Mas a piedade faz, com que comanda,
Que, antepondo o Brasil a tudo agora,
Mostre aos homens que o impulso que o domina
É propagar no mundo a fé divina.

LXIV

Generoso pensar! sagrada empresa!
Longe da vã política de Estado,
Que, se a milícia, se o comércio presa,
Não tem da Santa Fé menor cuidado.
Mas o que rege a vasta redondeza,
E a sorte dos impérios tem fixado,
La vira tempo enfim que o zelo pague,
E em ouro o Tago do Brasil se alague.

LXV

Um rei, se não me engana oculto instinto,
Quando o Quarto remir as duas quinas,
Depois do Sexto Afonso e Pedro extinto,
Abrira no sertão famosas minas.
Fará de ouro Lisboa D. João Quinto,
Altas disposições do céu divinas!
Pois no tremor e incêndio, que a ameaça,
Prepara este subsidio à grã-desgraça.