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LXIX

E, se princesa me chamais sublime
Dos vossos principais nascida herdeira,
Se ao grão-Caramuru, que o raio imprime,
Jurastes vassalagem verdadeira,
Ele da sujeição tudo hoje exime,
Cedendo ao trono luso a posse inteira,
E eu do monarca na real pessoa
Cedo todo o direito e entrego a c’roa. "

LXX

Dizendo assim, a dama generosa
Desce do trono e o esplêndido diadema
Entrega ao Sousa, e toma majestosa
Um baixo assento com modéstia extrema.
Pasma o Tupinambá, vendo a formosa,
Nobre Paraguassu, de claro estema,
Que, o seu régio marra que ao Sousa dando,
Despia a pompa do real comando.

LXXI

Logo o Caramuru, na língua e estilo
Dos naturais falando ao chefe novo,
Posto tudo em silêncio para ouvi-lo,
O escudo da Bahia mostra ao povo:
A pomba de Noé, que ao noto asilo
Com ramo de oliveira vem de novo,
Dando a entender a paz, que à crua gente
Com a fé dispensava o rei clemente.