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LXIII

E quer na nuvem própria, que te indico
Que esse cadáver meu vá transportado,
E na ilha do Corvo, de alto pico
O vejam numa ponta colocado.
Onde acene ao país do metal rico,
Que o ambicioso europeu vendo indicado
Dará lugar que ouvida nele seja
A doutrina do céu e a voz da igreja."

LXIV

Disse, e, cessando a voz e a visão bela,
Viu da nuvem Auréo, que o rodeava,
Transformar-se a bela alma em clara estrela,
E viu, que a nuvem sobre o mar voava;
O cadáver também sublime nela
Ao cume do grão-pico já chegava,
Onde a névoa, que no alto se sublima,
Depõe como uma estátua o corpo em cima.

LXV

Ali batido do nevado vento,
De sol, de gelo e chuva penetrado,
Efeito natural, e não portento,
É vê-lo, qual se vê, petrificado.
Um arco tem por bélico instrumento,
De pluma um cinto sobre a frente ornado,
Outro onde era decente, em cor vermelho,
Sem pêlo a barba tem, no aspecto é velho.