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LXXII

Tempo fora, afligidos companheiros,
De levantar dos céus ao Rei supremo
Humildes vozes, votos verdadeiros,
Como quem luta no perigo extremo.
Mas vós que agora rides prazenteiros,
Oh quanto, amigos meus, oh quanto temo
Que essa gente cruel só nos namore,
Por cevar mais a presa que devore!

LXXIII

Voltemos antes com fervor piedoso
Os tristes olhos ao etéreo espaço,
Esperando de Deus um fim ditoso,
Onde a morte se avista a cada passo.
Contrito o peito, o coração choroso,
Implore a proteção do excelso braço;
Que o coração me diz que, por desdita,
O cruel sacrifício se medita."

LXXIV

Enquanto assim dizia, o herói prudente,
Comovido qualquer do temor justo,
Levanta humilde as mãos ao céu clemente,
Vendo o futuro com pressago susto:
Já cuida a cruel morte ver presente;
Já vê sobre a cabeça o golpe injusto;
Batem no peito e, levantando as palmas,
Fazem vítima a Deus das próprias almas.

LXXV

Já numerosa