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VI

E como quer enfim que o mande a sorte,
Morra-se, que talvez se não desuna
O sucesso feliz uma ação forte,
Que acaso um temerário achou fortuna;
E quando irado o céu me envie a morte,
E que a mão do Senhor meus erros puna,
Recebo o golpe, que me for mandado,
Morrerei, assim é, porém vingado.

VII

Nem deixo de esperar que a gente bruta,
Vendo o estrago da espada e do mosquete,
Não se encha de pavor na estranha luta
E força maior creia que a acomete:
Se tomo as armas, que salvei na gruta,
Escudo, cota, malha e capacete,
Posso esperar que um só me não resista,
E, antes que o ferro, mos someta a vista."

VIII

Disse; e, entrando na sólita caverna,
Cobre de ferro a valorosa fronte;
Um peito de aço de firmeza eterna
E o escudo, onde a frecha se desponte,
Dispõe de modo em forma tal governa,
Que nada teme já que em campo o afronte
Nas mãos de ferro tinha uma alabarda,
A espada à cinta, aos ombros a espingarda;