Página:Carta posthuma de D. Pedro Duque de Bragança.pdf/22

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a sorte da minha incomparavel esposa...... mas he melhor entregar isto à vossa generosidade, inexhaurivel thesouro que já se diffundio sobre a minha familia orphãa, que eu não duvidei confiar de vós.... Brasileiros! Eu deixo meu coração à heroica Cidade do Porto, theatro da minha verdadeira gloria, e o resto do meu despojo mortal à Cidade de Lisboa, lugar de minha nascença; porem vós possuis a reliquia mais preciosa, a emanação vivente do meu ser, meu filho! meu filho unico!.... Brasileiros, não podeis estimar em demasia este caro penhor, porque elle e sua progenie serão sempre o nó da vossa exitencia como Nação grande, o Palladium da vossa Constituição e da vossa Liberdade. Com esta dadiva eu resgatei tudo quanto deixei de cumprir comvosco do excelso dever, a que o Ser Supremo me tinha chamado. Este pensamento suaviza a minha agonia: minha alma depositará perante o Solio da Omnisciencia e da Omnibondade ..... Meu Deos! a tua benção permaneça eternamente sobre os Brasileiros e meu Filho!

PEDRO.

Paço de Queluz às 4 horas da madrugada de 23 de Septembro de 1834.



RIO DE JAN. — NA TYP. FLUM. DE BRITO & C. P. DA CONST. N.º 51.