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CARTAS DE INGLATERRA
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recomeçou a sésta eterna. D’onde eu concluo que Portugal, recusando-se ao menor passo nas lettras e na sciencia para merecer o respeito da Europa intelligente, mostra, á maneira do vadio de Caracas, o despreso mais soberano pelas opiniões da civilização. Se o Brazil, pois, tem essa qualidade eminente de se interessar pelo que diz o mundo culto, deve-o ás excellencias da sua natureza, de modo nenhum ao seu sangue portuguez: como portuguez, o que era logico que fizesse era voltar as costas á Europa, puxando mais para as orelhas o cabeção do capote...

Mas, retrocedendo ao artigo do Times, a conclusão da sua primeira parte é que «em riqueza e aptidões o Brazil leva gloriosamente a palma ás outras nacionalidades da America do Sul». Todavia, o Times observa no Brazil circumstancias desconsoladoras: «Doze milhões de homens estão perdidos n’um estado maior que toda a Europa: a receita publica, que é de doze milhões de libras esterlinas, é muitos milhões inferior á da Hollanda e á da Belgica: com uma linha de costa de quatro mil milhas de comprimento, e com pontos de uma largura de duas mil e seiscentas milhas, o Brazil exporta em valor de generos a quarta parte menos que o diminuto reino da Belgica.»

O Times, todavia, tem a generosidade de admittir que nem a densidade de população, nem o total