n’uma palavra immortal, que teriamos sempre pobres entre nós. Tem-se procurado com revoluções successivas fazer falhar esta sinistra profecia — mas as revoluções passam e os pobres ficam.
N’este momento, por exemplo, na Irlanda, os trabalhadores, ou antes os servos do ducado de Leicester estão morrendo de fome, e o duque de Leicester está retirando annualmente, do trabalho duro que elles fazem, quatrocentos contos de reis de renda! É verdade que a Irlanda está em revolta; é verdade que, se o duque de Leicester se arriscava a visitar o seu ducado da Irlanda, receberia, sem tardar, quatro lindas balas no craneo.
E o resultado? D’aqui a vinte annos os trabalhadores de Leicester estarão de novo a soffrer a fome e o frio — e o filho do duque de Leicester, duque elle mesmo então, voltará a arrecadar os seus quatrocentos contos por anno.
Não é possivel mudar. O esforço humano consegue, quando muito, converter um proletariado faminto n’uma burguezia farta; mas surge logo das entranhas da sociedade um proletariado peior. Jesus tinha razão: haverá sempre pobres entre nós. D’onde se prova que esta humanidade é o maior erro que jámais Deus cometeu.
Aqui estamos sobre este globo ha doze mil annos a girar fastidiosamente em torno do Sol e sem