minem-se as interiores; pelas quais logo o ânimo dos homens é reconhecido.
¿ Quais são os meus tratos ? ¿ Qual o ânimo? ¿ Que sofrimento ? ¿ Que pesar ou alegria com os bons, os maus sucessos públicos ? ¿ Que pessoas são as da minha amizade ? ¿ Que tais as razões que me são ouvidas ?
Constará que minhas correspondências são com os sujeitos mais graves dêste reino, e de maior religião, e virtude; que aqueles com quem tenho mais estreita amizade, e me fazem graça de a quererem ter comigo, são os ministros, e criados de V. Majestade mais confidentes, e mais para o serem.
Fóra de Portugal, aqueles que de mim tem alguma lembrança, e eu a conservo para com êles, são os embaixadores, residentes, secretários, e outras pessoas de quem V. Majestade faz tôda a conta, e estimação.
Meus comércios são as letras, e os livros, em que maior piedade, e honra se acha, como é notório.
Meu sentimento e alegria é aquele e aquela que um bom e zeloso vassalo deve ter nos prósperos, e adversos acontecimentos da sua pátria.
É constante, que sucedendo neste reino, depois que eu a êle vim, quási todos os casos de infelicidade (sem os quais não quis Deus conceder a glória de vermos a V. Majestade em seu trono) foi também êle, servido por sua infinita bondade, que havendo-se enredado naquelas matérias muitas pessoas com culpa, ou sem ela, não fui eu nenhuma dessas.
Não é menos certo que em nove anos de Portugal, em seis de prisão e em quási todos de perseguição foi sempre tam claro, e tam singelo, o meu procedimento que apesar do artifício dos émulos não houve nunca logar de me ocasionarem esta última ruína.